Em mais um episódio da minha saga de ouvir os 1001 discos para ouvir antes de morrer, desta vez não houve sorteio: escolhi por conta própria o disco de estreia do Coldplay, Parachutes.
A primeira surpresa foi perceber a ausência marcante de sintetizadores. O grande protagonista de Parachutes é a guitarra — e o guitarrista consegue transformar riffs simples na alma da música. Um exemplo é Trouble, cuja introdução me lembrou bastante a estética do trap rock gringo, algo na linha de XXXTentacion ou Juice WRLD.
Como as cordas são a base do álbum, quando finalmente surgiram algumas músicas com teclas eu pensei: “até que enfim!”. Sempre associei Chris Martin ao piano, e ver que ele já o tocava desde o início só confirmou essa ligação.
A atmosfera do disco me remeteu a um filme: o protagonista em uma longa viagem de trem, perdido na vida, olhando a paisagem mudar a cada estação. As faixas parecem se conectar como capítulos de uma mesma história. Quando começou Yellow, fez todo sentido melodicamente estar naquele ponto, e o videoclipe na praia deserta reforça a ideia de um personagem deslocado no mundo. Foi meu “Eureka!”.
É impressionante ver como o Coldplay já era grandioso logo na estreia. Pensar em onde chegaram depois torna a jornada quase mágica. Eu realmente espero um dia assistir a um show da banda e sentir a energia única que tantos descrevem.
No fim do disco ainda aparecem violoncelos, que adicionam profundidade e mostram como eles já experimentavam com instrumentos clássicos. Esse detalhe indica caminhos que a banda poderia seguir, como pequenas pistas deixadas para os fãs mais atentos.
Parachutes é um retrato de um Coldplay mais cru, melancólico e intimista — e, justamente por isso, é especial.
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