Richard Hawley – Coles Corner: um álbum moderno com alma dos anos 50

 Em mais um episódio da minha jornada pelos 1001 álbuns para ouvir antes de morrer, escolhi mergulhar em Richard Hawley – Coles Corner (2005) e logo de cara fui capturado pelo clima clássico desse disco.


Minha primeira impressão foram os instrumentos de cordas: violinos, violas, pianos… quando li “pop barroco” na descrição, já sabia que vinha algo diferente, mas a forma como esses instrumentos ganham destaque na mixagem é simplesmente impecável. Em várias faixas me senti dentro de uma fusão delicada entre country e pop — o que me surpreendeu, já que Hawley é inglês.

Esse álbum é exatamente como se um disco dos anos 50 tivesse sido gravado com equipamentos modernos dos anos 2000. Os sintetizadores aparecem em momentos pontuais, casando perfeitamente com as cordas e trazendo uma atmosfera quase cinematográfica. Em algumas músicas, há guitarras com distorção suja e charmosa, que quebram a doçura de maneira elegante. Até senti, em uma melodia, um eco de “Eu Amo Você”, do Tim Maia — coincidência ou bom gosto do Richard, eu deixo para vocês decidirem.

Ouvir esse álbum me transportou para cenas dignas de um filme da Pixar ou DreamWorks: em alguns momentos parecia estar em Up: Altas Aventuras ou Carros, como se eu estivesse assistindo um time-lapse de memórias ou percorrendo uma estrada com o coração cheio de reflexões. É mágico.

A voz de Hawley também merece menção: confortável, com um compressor vintage que dá calor sem exigir esforço do cantor, enquanto um reverb quase de catedral confere profundidade. Me lembrou bastante Frank Sinatra, mas sem aquela dinâmica explosiva da época — mais contido, íntimo e sofisticado.


Os críticos também enxergaram tudo isso e mais um pouco: a AllMusic descreveu o disco como “glorioso, mágico e adorável”, enquanto a PopMatters destacou a “completa falta de ironia e a graça” do artista. O The Guardian chamou as canções de “antiquadas, apaixonadas e imaculadamente produzidas”. Já o Pitchfork disse que Hawley “não está preso ao passado — ele habita esse som porque ama, e sabe que nós também vamos amar”.

No fim das contas, eu também senti isso: Coles Corner não é apenas um disco retrô; é um disco atemporal, delicado e profundo, feito para se ouvir de olhos fechados e coração aberto.

👉  https://open.spotify.com/intl-pt/album/3Gm6V4tzZaYFbnhrvubylJ  👈

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