New Wave — O álbum confessional que pavimentou o britpop

 Em mais um capítulo da minha saga ouvindo os 1001 álbuns pra ouvir antes de morrer, escolhi "New Wave", álbum de estreia do The Auteurs, lançado em 1993.

Logo de cara, me chamaram atenção os violões bem presentes, uma bateria leve, talvez uma pandeirola e um vocal que soa mais como uma confissão do que uma performance. A guitarra entra pontualmente, com uma distorção bem medida, que não pesa porque o violão suaviza a mixagem. O baixo é sutil, mas faz uns ramerons interessantes, especialmente nas faixas mais dedilhadas, embora pareça ter os graves um pouco cortados pra manter a leveza do som.

O que mais me encantou foi como eles inserem elementos experimentais de forma bem discreta — um som de sino infantil aqui, uma guitarra desplugada pra dar um efeito “rádio” ali, como se você estivesse ouvindo um ensaio. Em alguns momentos, até soa como aqueles sons de copos de vidro vibrando, criando uma sensação de intimidade.

O álbum tem uma crueza que me lembra os Beatles em seus momentos mais tranquilos, mas com uma estética mais alternativa, como se fosse feito pra ouvir enquanto você toma um café ou trabalha. É reconfortante, nada visceral ou melancólico demais, apenas confortável.

Musicalmente, o New Wave foi muito bem recebido na época. Foi indicado ao Mercury Prize de 1993, ajudou a pavimentar o caminho pro Britpop, segundo críticos como Dave Thompson, e se tornou uma cápsula do tempo elegante e charmosa dos anos 90. A imprensa americana chegou a compará-los ao Suede, e na Inglaterra, a banda foi vista como parte de um renascimento glam.

O disco mostra que dá pra ser alternativo e acessível ao mesmo tempo, sem forçar virtuosismo nem ser superficial. Um álbum que se aproxima de quem ouve, como se fosse um amigo confidenciando histórias ao pé do ouvido — e, por isso mesmo, inesquecível.

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